Cunha atrasa processo contra ele mesmo por quebra de decoro
Manobras do presidente da Câmara estão atrasando o andamento dos processos no Conselho de Ética e na corregedoria.
Manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, estão atrasando o andamento dos processos contra ele no Conselho de Ética e na corregedoria. A documentação do Conselho de Ética só foi entregue nesta quarta-feira (28). Foram 15 dias só pra criar um número de protocolo.
O presidente do Conselho de Ética marcou a primeira reunião para terça-feira da semana que vem. Nesse dia, ele vai escolher o relator do caso entre três deputados sorteados. O relator terá dez dias para propor que a investigação siga ou seja arquivada. Se a maioria dos deputados do conselho decidir que o processo deve seguir, Cunha será comunicado para apresentar a defesa.
“O relator tem liberdade para dirigir o processo, ouvir testemunhas, procurar documentos, procurar pessoas que por acaso possam esclarecer dúvidas, entidades, bancos, procurador-geral”, explica o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA).
Os partidos Rede e PSOL pedem que Eduardo Cunha perca o mandato por ter mentido à CPI da Petrobras. Em março deste ano, ele disse que não tinha contas no exterior. Mas, segundo os ministérios públicos da Suíça e do Brasil, ele e parentes têm contas na Suíça.
O Conselho de Ética tem 90 dias para concluir o processo. O que significa dizer que ele não deve terminar neste ano. A Câmara suspende os trabalhos no fim de dezembro e só volta em fevereiro.
O presidente do Conselho de Ética afirmou que o caso poderia ser concluído neste ano, se a direção da Câmara, comandada por Cunha, não tivesse segurado o processo por 15 dias. Agora, mais uma manobra está atrasando um outro pedido de cassação do mandato de Cunha.
A representação foi apresentada pelo deputado Arnaldo Jordy, do PPS. Como é um pedido individual, tem que passar pela direção da Câmara, que apenas dá um número ao processo e o envia para a corregedoria. Só depois segue para o Conselho de Ética.
Mas a direção decidiu indicar um relator para analisar o pedido antes de enviá-lo à corregedoria.
“Isso é absolutamente inédito, é mais uma pedalada regimental do seu Eduardo Cunha para tentar ganhar tempo”, diz o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).
Cunha nega a acusação. Disse que tudo está dentro da lei e que a indicação do relator foi do vice-presidente da Câmara, já que ele se sente impedido de opinar no processo. Mas o vice Waldir Maranhão, do PP, também é aliado dele.
“Eu não posso praticar ato ou a meu favor ou desfavor, então todos os processos que estavam pendentes na mesa nós delegamos relatores para a sua admissibilidade”, afirma o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara.